26/03/2007

Construção

Por Mayara Evangelista

As mesmas cenas. Novas roupagens para as mesmas histórias. Assim é o Brasil: de Maria, de José, de Amélia, de João... Brasil 1500, Brasil 2000!
A mulher continua sendo vista como objeto de desejo. O carnaval e as propagandas de cerveja facilmente comprovam isso. A censura ditatorial que punia severamente continua sutilmente punindo a voz que discorda do sistema com métodos pré-determinados.
Liberdade de expressão? Há muitos ainda não foi apresentada.
Ser da época dos últimos, dos únicos que expunham sua opinião. Talvez seja o caminho. Ser o filho pródigo contra os passos bêbados do “pai” insensato. Cálice!
Com pensamentos sólidos e críticos, observando imagens de um mundo mágico pela tela é ter o cálculo lógico do tráfego incansável de idéias, de reflexões sobre a inversão de papéis e valores atuais. Do príncipe que se diz rei!
A busca incessante pelo máximo de saber é o primeiro passo para não ser mais um na engrenagem da grande máquina. Para não ser o próximo alienado pela mecanização capitalista. Basta!
Ouvir a música consciente, exemplificando o simples caminhar pela grama aos sábados, desfrutando do prazer de observar o verde, que grandes impérios insistem em desprezar. Vida!
E ter um jeito tímido, mas seguro de falar sobre os náufragos do sistema público, manifestando a indignação e contribuindo para a inclusão dos que estão à margem. Consciência!

“Construção”, vídeo, composta em 1971 por Chico Buarque traz a voz do excluído, denuncia o poder que cria diversos mecanismos e estratégias de punição para quem ousa tentar quebrar a “ordem estabelecida”. Pela arte é possível despertar a consciência crítica de uma nação. O operário de ontem é o operário de hoje. Os versos falam por si só:

"Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar ecuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague"
Trecho Chico Buarque







*A construção da cidadania é feita pela participação de todos, assim como a construção do nosso blog: democrática e participativa. Por isso, devido ao pedido de um Anônimo, o vídeo Construção foi trocado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Retificando...
o trecho último se refere à música "Deus Lhe Pague" e não como disse "Construção".
A admiro por ter tamanha coragem de explicar Chico Buarque. Ao invés de pensar que pensa, transforme sua vontade numa verdadeira conquista do saber.

Anônimo disse...

Mayara,

Ainda está de pé aquela idéia de transformar seus textos em vídeos?

Abs