30/04/2007

Novas Exigências do Mercado

Por Andrelissa Ruiz


Com o avanço tecnológico instalado no mercado de trabalho atual, no jornalismo não seria diferente. Os meios de comunicação se reciclam diariamente, é difícil acompanhar o ritmo frenético das informações imediatas on-line sem o fazer. No papel de comunicador, o jornalista assume o papel que vai além de contador de fatos, os jornalistas online terão um papel central na ligação entre as comunidades, isso porque tanto as transformações tecnológicas como as mudanças dos valores e pensamentos sociais são de extrema importância e modificam a forma da transmissão das notícias. Mediar a informação ajustá-la ao veículo de mídia usado, pensar no receptor e repensar na repercussão são tens imprescindíveis para um jornalista ético.
Atualmente esses profissionais são vistos como multimídias, isto é, deve ter a capacidade de executar tarefas em todos os setores, os jornalistas, mais do que nunca, precisam misturar aptidões, trabalhar com a criatividade para mesclar textos, fotos, áudio e vídeo. Para as externas em veículos de comunicação eletrônicos, o repórter sai com uma caneta, um bloco de notas, um gravador de áudio, uma máquina fotográfica digital e às vezes ainda uma câmera digital. Para esse profissional muito mais que técnica é necessário ter o “faro” jornalístico, o famoso “felling” para selecionar e interpretar as informações que bombardeiam a todo o momento os cenários de grandes metrópoles como, por exemplo, São Paulo.
A capacidade e versatilidade se mesclam e mais do que nunca para o novo jornalista a baliza sólida deve ser a tecnologia, mas, sobretudo o pensamento crítico. Aliando a boa escrita com os outros sentidos dos ser humano. Para não se deixar corromper pela mecanização do setor e nem perder o humanismo.


* Abril Jornalista – Comemoração ao Dia do Jornalista.



Fique por dentro


AROSO, Inês Mendes Moreira (2003) - A Internet e o novo papel do jornalista. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. [Online] Disponível em http://www.bocc.ubi.pt

26/04/2007

Emidio Murade: Um apaixonado por São Miguel Paulista

Por Andrelissa Ruiz


No bairro de São Miguel Paulista, periferia de São Paulo, um apaixonado por seu bairro luta todos os dias para que a vila Nitro Operária seja o melhor lugar do mundo para se morar. Esse apaixonado é Emidio Murade, 59 anos, morador de São Miguel Paulista há 44 anos.
Em sua humilde, mas aconchegante casa, Murade nos falava desse seu amor que só perde para o amor que ele tem a sua família. Enquanto sua esposa Odete cozinhava, ele nos contava todas as contribuições e projetos para a melhoria do bairro e em especial para o desenvolvimento da Vila Nitro Operária.
Preocupado com os moradores da Vila, Murade organizou reuniões e conseguiu com que o posto de saúde do local fosse ampliado e está lutando agora para que haja mais médicos disponíveis. Entre outras conquistas estão a do Terminal de Ônibus de São Miguel Paulista que trouxe facilidades de transportes e desenvolvimento para uma região que estava abandonada.
Tudo isso tem um único motivo que Murade não cansa de repetir “O lugar que eu mais amo no mundo é a Nitro Operária, depois de Nova Granada, minha cidade natal”.
É essa paixão que fez com que Murade se tornasse uma pessoa representativa em sua comunidade, ele não poupa esforços quando o assunto são melhoras para São Miguel.
Ao falar de seus sonhos, está sempre muito claro a vontade de um lugar perfeito para se morar. Mas, ao invés de ficar reclamando ou dar desculpas como o governo não faz nada, Emidio Murade ‘arregassa as mangas’ e vai a luta. “Se dá pra fazer a gente faz, só vamos atrás de apoio”- afirma o apaixonado. Com toda essa determinação ele consegue desde reformas no seu bairro a grandes projetos. Porém, não é só de imagens que se vive, um belo bairro de nada adianta se não tivermos saúde para aproveitar. Seguindo essa consciência, Murade se preocupa sempre com os remédios da UBS (Unidade Básica de Saúde) da sua vila. Inclusive, com o abastecimento de camisinhas e contraceptivos para a distribuição gratuita.
Aposentado, ele já foi o Ministro da Palavra da Igreja Imaculada Conceição, localizada na própria vila, a uns seis metros de sua casa. “O que tem de crianças aqui na vila que eu batizei nem se fala. Eu devia ter marcado quantas crianças, mas não marquei.”-diz com orgulho. Sua devoção ao catolicismo o faz ser uma pessoa com mais compaixão e compreensão, mas nem por isso ele se tornou uma pessoa cega diante do mundo, ele tem consciência que os valores das pessoas mudaram e a igreja precisa rever seus valores. Conversando sobre alguns pontos que podem melhorar na sociedade, Murade citou a natalidade desenfreada, e culpa parte disso por a igreja não apoiar o uso da camisinha, pois a igreja ainda é também um órgão formado de opiniões, podendo assim ajudar a formar jovens com consciência.
Família, vizinhos, amigos, são pessoas pelas quais Murade zela e faz o que for possível: de levar uma vizinha ao hospital a ajudar sua netinha na lição de casa.
“A família da gente é muito importante, família, vizinho, vizinho é importantíssimo na vida da gente, oh muita vezes um vizinho ajuda a gente nas horas complicadas e a gente também que estar ali pronto para ajudar as pessoas. Não adianta nada não ajudar as pessoas, eu sou feliz por ajudar uma pessoa ao meu lado”- diz Murade, com os olhos marejados.
Ao ser questionado sobre um sonho que ainda não realizou, Murade responde aos risos “ganhar na loteria”. E assim traçamos um perfil de um morador de São Miguel Paulista, humilde, lutador e sonhador.

23/04/2007

Ser ou não ser, eis a questão

Por Mayara Evangelista

Nos tempos modernos, muito se fala em ética e em como aplicá-la. Você é ou não é um agente ético? Nos remetemos a William Shakespeare e sua celebre citação: Ser ou não ser... eis a questão. Um dilema, uma reflexão filosófica extremamente profunda. Mas afinal, o que é ética? De onde vem, para onde vai?
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal.” Etimologicamente, ética vem do grego "ethos", e tem correlação no latim "morale", com o mesmo significado que é “conduta, ou relativo aos costumes.”
Para Marilena Chauí, o sujeito ético ou moral é aquele ser consciente de si e dos outros, com consciência para reconhecer o outro como igual, é a pessoa livre que dá a si mesmo as regras de conduta e, sobretudo o ser responsável, que avalia seus atos e responde pelas conseqüências.
Acompanhando o raciocínio, se negarmos então qualquer um destes itens citados agiremos de forma violenta, não respeitando o outro. Sendo assim, colocamos a ética em oposição a violência. Violência esta que não se limita em assaltos a mão armada.
Os meios de comunicação, em geral, fazem da violência um espetáculo dando a sensação de que é um mal passageiro e não estrutural. Mais do que agressão física ou verbal o ato violento ao outro se prolifera de maneira, as vezes, imperceptível. Ela pode ser implícita, explicita ou oculta. Basta prestarmos atenção no nosso cotidiano, por exemplo, quando pegamos o ônibus “super lotado”. É ou não é um ato de violência?
Nos dias atuais falta humanização entre as pessoas. Vivemos em uma sociedade em que tudo parece normal. Há a banalização dos acontecimentos trágicos, por exemplo. A Indústria Cultural massifica diariamente a cultura, padroniza comportamentos, dita regras. A globalização nos torna cidadãos do mundo e ao mesmo tempo que não somos cidadãos de lugar nenhum. Por perdermos a referência original, não temos consciência da nossa cidadania muito menos a exercitamos.
O relógio não pára, as desigualdades sociais a estrutura num todo da sociedade impede que as pessoas reflitam. É fato, cada vez mais os jornais reduzem os textos e aumentam as imagens. Há uma alienação e acomodação das pessoas. Quantas vezes já ouvimos: Ah! Eu vivo assim porque Deus quis.
Entramos então na questão da educação, ela é muito discutida pelos “ólogos” que a defende como válvula de escape a longo prazo. Sabemos, porém que é justamente na escola que encontramos os primeiros passos para a reprodução de ideologia do sistema vigente. A chamada sociabilizarão que leva a criança a se enquadrar nos parâmetros da sociedade, fazem com que todos aqueles que fogem dela sejam ditos “rebeldes”, sendo repreendidos severamente. Mas não seriam eles os agentes éticos? Eles não se enquadrariam nos que vivem livres e fazem suas próprias regras de conduta?
A escola tem o papel fundamental na formação da cidadania. Não isentando assim a responsabilidade do Estado em garantir as necessidades básicas de sobrevivência como a saúde, importantes também para construir e garantir a cidadania. No entanto, devemos salientar a relevância do educador como agente motivador capaz de despertar em seus educandos o senso de liberdade consciente.
Como no mito da caverna de Platão, se soltar das correntes não é fácil, pior ainda viver sem as correntes meio aos acorrentados. É necessário uma estrutura sólida. Se levarmos em consideração o maniqueísmo da sociedade com relação a ética, afirmaremos como diz Chauí que ela é perversa. Isso é visto neste caso como fatalidade do presente, destino. A educação em questão como formador de seres pensantes e não como mercadoria, pode introduzir na sociedade agentes éticos, produtores e transformadores. O trabalho de formiguinha é possível. Um sonho sonhado junto, deixa de ser sonho e se torna uma realidade.


* Abril Jornalista –
Comemoração ao Dia do Jornalista.
Ética no Jornalismo



* Experiência de vida.


Fique por dentro


José Hamilton Ribeiro

Foi o mais famoso correspondente de guerra brasileiro, e o que pagou o preço mais alto por sua coragem: perdeu uma perna ao pisar numa mina, em 1968, durante a Guerra do Vietnã, que cobriu para a Revista Realidade. Começou a carreira na Folha de São Paulo, no início de 1960, quando a Folha investia na reportagem para se tornar então, o maior jornal de circulação do Brasil. Foi depois para a Editora Abril (Quatro Rodas e Realidade). José Hamilton - que nunca deixou de ser repórter - é o profissional que mais vezes ganhou o Prêmio Esso, a mais importante premiação do jornalismo brasileiro. Atualmente, trabalha na Rede Globo e na Revista Globo Rural. Entrevista realizada em 92.
Leia mais...
http://www.jornalismo.ufsc.br/bancodedados/ent-ribeiro.html

19/04/2007

Trabalho Informal em São Miguel Paulista

Por Andrelissa Ruiz
Mayara Evangelista


As pesquisas recentes do Instituto mostram que em relação a julho de 2005 a taxa de desemprego chegou a 17,9 porcento.
Nas regiões metropolitanas do Brasil, principalmente nos bairros da periferia das capitais como São Paulo o quadro se agrava.
No centro de São Miguel Paulista, localizado na zona leste de São Paulo, as ruas que dão acesso ao Mercado Municipal, a própria calçada e arredores da região dividem espaço com uma grande concentração de ambulantes.
Os serviços terceirizados, a criação de cooperativas e os vendedores ambulantes surgiram como alternativa provisória para amenizar o desemprego na década de noventa e se tornaram uma atividade permanente, alterando a estrutura do mercado brasileiro.
Entre 2003 e 2006 a informalidade no geral se manteve no mesmo patamar sempre acima de cinqüenta porcento.
Muitos dos ambulantes de São Miguel Paulista ocupam o local há anos e afirmam ter migrado para o mercado informal por não encontrarem emprego. É o caso de Samuel Pereira de 48 anos. “Eu não achava emprego comecei a trabalhar e deu certo. Eu trabalho há 16 anos”, diz o ambulante.
Outros ambulantes como Lenilda Pereira de Amorim, 31 anos, trabalha no ramo há vinte e quatro anos e nos conta que a venda nas ruas já é tradição de família.
Segundo dados da Subprefeitura de São Miguel, são mais de seiscentos ambulantes no local e apenas duzentos e dois deles são legalizados e possui o TPU - Termo de Permissão de Uso.
A concentração excessiva de barracas no centro de São Miguel causam transtornos, principalmente por ocuparem lugares indevidos como faixa de pedestres e calçadas.
São Paulo abriga mais de 3 milhões de pessoas ocupadas no setor informal. O que antes era uma saída emergencial para a questão do desemprego hoje é considerado uma opção de vida.
Atualmente o crescimento desordenado da informalidade satura o mercado. No bairro de São Miguel Paulista não há mais vagas nem para ser ambulante.

16/04/2007

Ética e poder

Por Andrelissa Ruiz

Há tempos existem grandes preocupações no jornalismo que são colocadas em pauta como a ética e a postura jornalística. O compromisso com a verdade de repente se vê deixado de lado pelo jogo de interesses. A liberdade de expressão vem sendo usada como “liberdade de manipulação”. A sede de fazer notícia virou luta pelo poder. A verdadeira alma jornalística está sumindo e dando espaço para profissionais ambiciosos e sem escrúpulos.
Jornalismo deveria ser sinônimo de verdade, coragem, responsabilidade, audácia, ou seja, qualidades que só atrairiam credibilidade e respeito à profissão. É claro que a verdade é algo da qual muitas pessoas públicas fogem, mas aí está o papel do jornalista, desvendar todos os mistérios e trazer à tona o que está realmente acontecendo. O jornalismo tem o poder comunicacional nas mãos e precisa usar de forma séria, pois tanto pode levantar alguém como derrubar, e para tudo isso é imprescindível que a ética esteja presente.
Às vezes, o profissional preocupado com os verdadeiros valores do jornalismo sofre repressão, não é interessante para alguns jornais, por exemplo, atacar uma pessoa muito poderosa. Existe um jogo de interesse grande e difícil de driblar. Os que se encorajam e desafiam às vezes pagam com seu próprio emprego. Independente disso, ainda hoje existe os que pagam caro, mas torna pública a investigação, a notícia.
Mas aí vem um outro ponto em questão: até que ponto podemos investigar a verdade sem invadir ou usar a privacidade alheia? Para mexer com a vida de seres humanos todo cuidado é pouco, envolve muito mais do que simplesmente o fato em questão, envolve a vida de familiares, enfim. Indaga-se então: Até que ponto podemos sair destrinchando a vida de alguém?
Levando isso em consideração, só podemos concluir o quanto é complicado trabalhar com a vida humana, talvez nós jornalistas ou aspirantes a, sejamos uma espécie de médico, porque temos esse poder de decidir a vida das pessoas. Expô-las ou não? É, precisamos ter a consciência de até onde se pode chegar sem perder o verdadeiro valor do jornalismo, e também nunca se intimidar com a verdade, pois ser jornalista é ser o investigador da sociedade, se fechamos os olhos para os males sociais, estaremos colocando em risco o direito das pessoas de se informarem para formarem uma opinião sobre o que acontece ao seu redor.
Mas, será que o jornalismo é a arma da sociedade contra problemas, que se compromete em denunciar e tornar público interesses gerais? Será que a relação entre ética e poder influencia a tal ponto de fazer com que os jornalistas faltem com a verdade e não cumpra seu papel de fato? Pensem nisso.


* Abril Jornalista – Comemoração ao Dia do Jornalista.

12/04/2007

HIP HOP é a Arte da Periferia

“O movimento Hip Hop é mais do que uma música ou moda, ele é a manifestação, é um estilo, uma atitude, é a arte da vida, um modo de seus integrantes mostrarem para si e para sociedade o valor que possui”

Por Andrelissa Ruiz
Mayara Evangelista


Da periferia de uma grande metrópole surge, o Movimento Cultural Hip Hop, uma junção de expressões artísticas, a música (rap), artes plásticas (o grafite) e dança (o break). No Brasil e no mundo ele afirmou-se com discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Percebemos as características de que aderem esse estilo de vida pelas roupas largas, pelos malabarismos que encantam a juventude além do cenário com muros preenchidos pelos grafites.
A juventude participante do movimento é descrita como protagonistas de seu próprio processo educativo, eles se tornam seus próprios guias assim afirma MC Guriz Nyack, 25 anos, militante desde 1993 anos na Posse* Hausa em São Bernardo dos Campos “muita coisa que eu não aprendi na escola não por falta de interesse, mas porque os livros didáticos não contam é um pouco sobre da minha história, a história do afro-descendente.” Também como MC ele procura transmitir em suas letras mensagens positivas. Ele afirma que os militantes se organizam cada vez mais para criar alternativas para jovens da periferia não caírem na criminalidade ou nas drogas. Como o projeto que participou na Febem do Tatuapé com a Posse Hausa.
Para o b-boy Wel, 23 anos, professor de break no Jardim Brasil, Zona Norte de São Paulo e militante do Crew* Produto Reciclável, afirma que o verdadeiro intuito do break, um dos elementos que compões o Hip Hop, é a competição saudável, “ O Break é força de vontade e expressão nas ruas.” Afirma ele e completa “ O break acima de tudo não é uma profissão, é uma arte. Assim, como o cara que ganha dinheiro com o quadro dele, aquilo lá não é profissão pra ele, é a arte dele. Ele ganha dinheiro com a arte. É a mesma coisa pra mim, o break é uma arte que eu me expresso e que pode render um reconhecimento.”
A liberdade que reforça os princípios de cidadania e justiça, que constituem uma sociedade democrática é vivida pelos participantes do movimento. A necessidade de sociabilidade de jovens das periferias de grandes centros urbanos faz do movimento a expressão cultural presente que é hoje. Guriz afirma “O Hip Hop me ajudou a ser o Homem que eu sou hoje.” E Well ressalta que "o hip hop é uma cultura que sobrevive até hoje porque tem esse lado de trazer um novo caminho, um caminho do bem."
Diferente de todos as nações que o acolheram, segundo estudiosos, o Hip Hop brasileiro é único, porque só o Hip Hop brasileiro tem rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafites de cores nitidamente mais vivas. Essa mistura com elementos brasileiros é motivo de orgulho para o Hip Hop nacional, que tende a valorizar elementos nacionais em um movimento importado dos Estados Unidos.



* Posse - são vários grupos de rap que se reúnem e formam uma associação para realizar ações sociais na sua comunidade.

* Crew - são vários grupos reunidos de pessoas que dançam break ou fazem grafite.
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Links Pesquisados


O Hip Hop ganha cada vez mais espaço na sociedade. Já virou reportagens, tema de livros, e atualmente há vários sites sobre o assunto.
Quem quiser saber mais sobre o hip hop esses links podem ajudar:


www.realhiphop.com.br – portal dedicado a comunidade hip hop, com músicas, entrevistas e tudo ligado a esse universo.

www.bocadaforte.uol.com.br - é um site com noticias do mundo do hip hop, entrevistas, resenhas, vídeos.

www.mundodarua.com.br - site especializado com a cultura na rua, em especial, a cultura hip hop, traz além das atualidades, o histórico dos elementos do hip hop, como o brek, os DJs, o grafite e o MC.

www.redbullbcone.com -O link do evento Bc one da Red Bull traz alguns trechos de clipes de b.boys do mundo inteiro dançando, vale conferir!!


Confira mais sobre o Hip Hop nos links:

http://www.acaoeducativa.org.br/base.php?t=nger_0181&y=base&x=lnger_0001&z=0
http://www.bboy.com.br/
http://www.dancaderua.com.br/historia.htm
http://www.protagonismojuvenil.org.br/portal/Noticias/noticia.asp?not=431

09/04/2007

A Alma Jornalística

Por Mayara Evangelista


Curiosidade, eis o primeiro passo para a conquista do olhar crítico. Ela é dada a todo ser humano assim que é gerado, entretanto, podada quando ele ingressa na vida social. Os infindáveis “porquês” acabam por cessarem quando percebe que não se obterá uma resposta. Os pais respondem as indagações de seus filhos com os clássicos “porque sim”, ou então, “porque não”. Na escola, assim como diz Rubem Alves, a criança “aprende a não aprender”, existem regras nas quais se faz tudo o que não gosta. A omissão das respostas para seus anseios a faz retrair-se e algumas vezes desistir da busca.
Contudo, existem aquelas que persistem e se descobrem com a alma jornalística, com ambições de mudar o mundo, de “fazer e acontecer”. Percebem que possuem em suas veias o conceito de que o mais importante não é nem a partida, nem a chegada, como sabiamente Guimarães Rosa colocou em sua obra, é a travessia, a ética com a qual tratou os acontecimentos e transmitiu as informações. A produção intelectual de conhecimento impulsiona o jornalista a correr sempre em busca do singular, do único, do especial nas mais variadas situações. E, com muita sensibilidade e despido de preconceitos ele tenta exercer um papel que vai além de informar, se propõe a contribuir para a formação utilizando a técnica e a teoria numa fusão perfeita. É ai então, que se origina o ponto de partida de uma experiência que não será concluída pelas gerações, pelo contrário, será sempre posta em xeque.
Essencialmente, o “ser” jornalista é expressado pela curiosidade, pelo prazer do aprendizado contínuo. É compartilhar vivências com o todo, é contribuir, é prestar serviço. É saber driblar o imposto e colocar seu ponto de vista de forma sutil, mesmo que seja nas entrelinhas para que produza reflexão.
Ser jornalista é não perder a poesia apesar de presenciar o mundo cruel, capitalista, opressor. É tentar com sua postura contrariar a Roda Viva como na canção de Chico Buarque, que incessantemente insiste em persegui-nos, e arrancar as raízes de nossos sonhos. É ter a alma daquela criança a princípio falada, sem preconceitos ainda em formação, buscando sempre as respostas para as mais diversas indagações.
Ainda me recordo da primeira entrevista que realizei. Ao perguntar qual era a maior relevância em ser um comunicólogo para o Profº Luiz Alberto de Faria, obtive a resposta que me fez ter certeza que havia escolhido o caminho certo. A frase foi clara, objetiva e ao mesmo tempo, em sua mais ampla interpretação, profunda e completa: “O que é mais gratificante, para o comunicólogo, é transmitir informações e perceber muitas coisas em outras pequenas e insignificantes que passa desapercebido aos olhos de muitos.” Tendo por base essa afirmação, pude compreender e ratificar, o quanto é importante esse papel exercido por nós. Somos rodeados por uma amalgama cultural gigantesca, inseridos em uma aldeia global, respirando a industrialização e por muitas vezes perdendo a essência, não adquirindo conhecimentos elementares, simples, de conceitos básicos, valores que discernem e se tornam decisivos no resultado final.
Com o poder da palavra, os jornalistas precisam aplicar o conhecimento adquirido de maneira consciente e coletiva. Observar o detalhe e ver além do já visto é o primeiro passo na caminhada. E é esse diferencial possibilita uma argumentação mais convincente e uma criticidade mais fundamentada que aponta a escolha lógica e indica o caminho da resposta. A reunião desses aspectos motiva-me todos os dias a ser jornalista, em adotar o jornalismo como estilo de vida e não como simplesmente uma profissão.


* Abril Jornalista - Texto em comemoração ao Dia do Jornalista 7/4.

* Como em Abril comemora-se o Dia do Jornalista, no Espaço Aberto deste mês vocês encontrarão reflexões sobre a profissão e sobre os temas que a norteiam.


Fique por dentro


Valorizar a profissão de jornalista para valorizar a sociedade


Jornalistas do mundo inteiro, de paí­ses ricos ou pobres, de paí­ses mais ou menos democráticos, trabalham para levar à sociedade um bem precioso: a informação. Nesta tarefa - que a cada dia ganha mais importância e cria mais influência no metabolismo social - a atividade profissional do jornalista produz interpretação da realidade, indução de intenções, vontades, comportamentos e valores. Em cada sociedade, os jornalistas ajudam a produzir cultura, a constituir ou a desconstituir movimentos coletivos, a legitimar ou questionar as relações de poder estabelecidas. São, portanto, profissionais que cumprem uma relevante função social.
Neste dia 7 de abril, dedicado a homenagear o profissional jornalista, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos de Jornalistas de todo o Brasil chamam a atenção da sociedade brasileira para a necessidade imperiosa de valorização da profissão e do profissional jornalista.
Leia mais... http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=553

05/04/2007

Histórias sobre os trilhos retratam São Paulo

Por Mayara Evangelista


A cidade ainda dorme enquanto as estações de trem iniciam sua operação. Em pouco tempo dezenas de pessoas se aglomeram na plataforma na espera do trem. Vagões lotados. Olhares aflitos e cansados. Bocejos, cotoveladas. Todos os tipos de pessoas. Umas com trajes atípicos, cabelos rastafari, roupas coloridas, chinelos e outras de terno, gravata, cores sóbrias, sapato de grife. Eis o lugar onde todos ficam no mesmo patamar, nas mesmas condições, num corre-corre, empurra-empurra sem fim.
Pela janela do vagão, a paisagem muda estação a estação, de Mogi das Cruzes a Luz é uma viagem e tanto. A riqueza das áreas verdes de Mogi não é observada, na maioria das vezes, pelos usuários que saem as pressas para não perder o trem e dormem assim que conseguem um lugar para sentar ou mesmo em pé quando se acomodam em um lugar. A vida passa, a história de São Paulo passa do lado de fora dos vidros, assim como do lado de fora das vidas dessas pessoas que vivem para o trabalho. Cada comunidade, cada região. Do interior ao centro muitos prédios fazem parte e participam dos avanços da cidade. A memória de um povo que não conhece e não compartilha a vivência, falha ao perguntar sobre a rua da sua casa, quem dirá sobre o relógio do prédio histórico da luz.
O trem é um universo multifacetado, os vagões deles são palcos para muitas vidas. A busca pela sobrevivência se dá de diversas formas, muitas pessoas utilizam o transporte público para se locomover até trabalho, outras fazem do próprio espaço sua fonte de renda. “Olha a bala de goma. Um é cinqüenta, três é um real.” Um vendedor ambulante tira da mochila que traz consigo, uma caixa de balas assim que o trem fecha as portas. Essa é a garantia que ele tem de não perder a “mercadoria”, como eles chamam, isso porque é proibida a venda de produtos nos vagões da CPTM. Existem ainda sonhos perdidos, Adelmo, seu nome artístico, é um violeiro de Mato Grosso que veio “tentar a sorte em São Paulo”, desejava gravar um CD e alavancar sua carreira na grande metrópole. Como não conseguiu, começou a cantar no trem e passar o chapéu para sustentar-se. Histórias como essas ouvimos diariamente.
Entretanto, nesse vai-e-vem de retratos de vida, está Edigmar Pereira da Silva, por volta de seus 50 anos. Apoiado numa muleta, ele caminhava com dificuldade pelo vagão. Camisa pólo branca, calça de linho marrom, sapatos pretos gastos pelo tempo. Uma bolsa daquelas universitárias no ombro direito. Sentou-se dois bancos à minha frente e começou a distribuir uns folhetos amarelos. O que mais chamou minha atenção foi o fato de todos os passageiros levantarem-se para pegá-lo. Bastava ele esticar a mão em direção a pessoa e zaz, lá estava ela. Levantava, ia até ele, pegava o folheto e sorria agradecida. Coisa rara nos dias de hoje, em que de uma maneira geral as pessoas se sentem incomodadas com qualquer presença que possa atrapalhar seu sono durante o trajeto.
Com sua boina marrom de lado, cabelos brancos, um olhar acolhedor e um sorriso simpático aproximou-se e sentou-se ao meu lado, começamos então a conversar. L. R. Edigmar ou apenas Limoeiro Ramon, foi vendedor de limão e nas horas vagas ele escrevia poemas, poesias e também reflexões. Ele garante que sua obra é um “incentivo para tornar São Paulo um estado de leitores.” O livro tem 32 páginas digitadas, em cada uma encontra-se um poema ou reflexão sobre seu dia-a-dia das coisas ditas “bobas” mas que tem muita importância como a resposta de um “Bom Dia”. A reprodução do livro é artesanal, fruto de xerox para baratear a venda, mas nem por isso perde o valor do conteúdo.O poeta de limão vende seu livro por R$ 2,00 reais de mão em mão. O titulo “O Alicerce Pleno” 1ª Parte – Especial, segundo ele é fruto do desejo de “construir um prédio de vários andares.” Ele começou com alicerce porque acredita ser esse o primeiro de muitos livros que virão.
Enquanto folheava o livro escutei alguém que perguntava se era ele mesmo quem escrevia os poemas, sem pensar respondeu. “Eu e um amigo meu. O mesmo que te ajuda todo dia a levantar-se ir a escola, ao trabalho.” E completou “O nome do meu amigo está bem visível na página 11 do livro.”
A sensibilidade está presente em suas palavras. A escrita mostra a profundidade da qual somente quem viveu pode expressar.

“Chamam-me de Mendigo
Sobrenome Vagabundo.
Sou obrigado a ouvir isto,
Pois vivo jogado no mundo
A espera de um prato dos outros
Não importa se é raso ou fundo.
O teto que cobre meu lar
Tem as cores de um azul muito profundo
Pois é o céu azul de anil que cobre
A imensidão deste mundo."

Trechos “Desabafo de um Mendigo” escrito por ele em parceria com o Giba da Farmácia.


Chegamos na estação Luz, nos despedimos. O Limoeiro Ramon desceu com dificuldade a plataforma e entrou no outro vagão.
Os 329 quilômetros de linhas de trem que podem ser percorridos com uma única tarifa, reserva surpresas, grandes histórias. Pode acreditar: é mais interessante do que parece. É possível fazer uma radiografia da cidade de São Paulo observando as pessoas e as paisagens sobre os trilhos. É mais do que um outro olhar para cidade porque ele vai além da magnitude de suas construções, adentra a alma, toca o lado humano.
O apito soou, as portas do trem se abrem. Bem vindo ao palco sobre os trilhos.

02/04/2007

Cansei

Por Andrelissa Ruiz


Aos 78 anos da minha vida escolhi viver só. Cansei da hostilidade do mundo humano. Decidi que passaria o resto da minha vida em uma simples casinha com um jardim imenso, no qual estão minhas verdadeiras amigas e companheiras: minhas flores.
Toda tarde eu preparava um chá e me reunia com minhas amigas. Porém, notei que havia uma que nunca comparecia, a rosa. Perguntei às minhas flores o porquê da Rosa nunca aparecer, elas me disseram que nunca havia comunicado à Rosa sobre o chá. Resolvi, então, ir convidá-la:
- Como pode a mais bela das flores não vir tomar chá comigo? Puxa, Rosa por que as flores não te convidam? O que você fez?
- Nada. Elas apenas têm medo dos meus espinhos. Muitos acham que sou a flor mais respeitada por ser bela e elegante, mas isso é mentira, sou é temida, porque posso machucá-las com esse caule que tenho.
Naquele dia me dei conta que os defeitos sempre sobressaem às qualidades e que respeito e medo são coisas totalmente diferentes. O homem acha que sendo hostil será respeitado. Descobri com a Rosa que não é verdade. Vivemos num mundo de medo.
Porém, vendo isso no meu próprio jardim, me cansei dos homens, me cansei das flores, me cansei da vida. Quero ser nuvem, sem defeitos ou qualidades. Apenas nuvem que o vento leva, da onde chuva cai, aonde o sol se esconde....