29/03/2007

Continua...

Lembram da matéria sobre o terminal de ônibus de São Miguel? Pois é, ao lado desse terminal existe uma área vazia, e a luta agora dos moradores é para que a prefeitura transforme esse terreno em área de lazer. Saiba mais na matéria a seguir:





Terreno baldio pode virar área de lazer





Por Andrelissa Ruiz


Na Rua Luis Picolo, em São Miguel Paulista, crianças brincam de skate e bicicleta dividindo o espaço com carros e ônibus que passam por lá. Essa rua faz parte do itinerário de todos os ônibus do terminal São Miguel, pois dá acesso a uma das principais avenidas do bairro, a Avenida Marechal Tito.
A solução encontrada pelos moradores da região para que as crianças possam brincar tranquilamente e com segurança, foi a construção de uma área de lazer em um terreno vazio ao lado do terminal do ônibus.
“A gente já fez um pedido para o subprefeito de São Miguel para ser construído uma área de lazer, poderia ser uma quadra e uma pista de skate, porque a nossa juventude não tem um lugar de lazer, principalmente na Vila Nitro Operária que não temos um terreno, nada, a não ser essa área de lazer. E o prefeito se comprometeu, mas até agora não deu retorno, ele disse que ia tentar nos ajudar, estamos tentando falar com ele pra ver se ele agiliza.” Conta o comerciante e assessor parlamentar, Pedro Ivo de Sá Ramalho, 50 anos.
A preocupação dos moradores é de que alguma criança seja atropelada, mesmo com toda a atenção dos motoristas de ônibus que passam pelo local. A idéia é tirar as crianças da rua, construindo um lugar apropriado para a prática dos esportes mais freqüentes do seu cotidiano, como o skate e o futebol.
Os moradores estão a espera de uma nova reunião com o subprefeito para analisar a possibilidade de desenvolver esse projeto. Por enquanto, sem previsão de respostas sobre essa proposta da comunidade, a área continua vazia, apenas com grama e mato que serve unicamente de comida para os cavalos.

26/03/2007

Construção

Por Mayara Evangelista

As mesmas cenas. Novas roupagens para as mesmas histórias. Assim é o Brasil: de Maria, de José, de Amélia, de João... Brasil 1500, Brasil 2000!
A mulher continua sendo vista como objeto de desejo. O carnaval e as propagandas de cerveja facilmente comprovam isso. A censura ditatorial que punia severamente continua sutilmente punindo a voz que discorda do sistema com métodos pré-determinados.
Liberdade de expressão? Há muitos ainda não foi apresentada.
Ser da época dos últimos, dos únicos que expunham sua opinião. Talvez seja o caminho. Ser o filho pródigo contra os passos bêbados do “pai” insensato. Cálice!
Com pensamentos sólidos e críticos, observando imagens de um mundo mágico pela tela é ter o cálculo lógico do tráfego incansável de idéias, de reflexões sobre a inversão de papéis e valores atuais. Do príncipe que se diz rei!
A busca incessante pelo máximo de saber é o primeiro passo para não ser mais um na engrenagem da grande máquina. Para não ser o próximo alienado pela mecanização capitalista. Basta!
Ouvir a música consciente, exemplificando o simples caminhar pela grama aos sábados, desfrutando do prazer de observar o verde, que grandes impérios insistem em desprezar. Vida!
E ter um jeito tímido, mas seguro de falar sobre os náufragos do sistema público, manifestando a indignação e contribuindo para a inclusão dos que estão à margem. Consciência!

“Construção”, vídeo, composta em 1971 por Chico Buarque traz a voz do excluído, denuncia o poder que cria diversos mecanismos e estratégias de punição para quem ousa tentar quebrar a “ordem estabelecida”. Pela arte é possível despertar a consciência crítica de uma nação. O operário de ontem é o operário de hoje. Os versos falam por si só:

"Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar ecuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague"
Trecho Chico Buarque







*A construção da cidadania é feita pela participação de todos, assim como a construção do nosso blog: democrática e participativa. Por isso, devido ao pedido de um Anônimo, o vídeo Construção foi trocado.

22/03/2007

Cacau escreve livro sobre o Nordeste

Por Mayara Evangelista

José Cláudio de Omena, mais conhecido como Cacau, 45 anos, casado e pai de dois filhos, é morador da região de São Miguel e apesar de ter como profissão oficial o cargo de fiscal de obras da Sabesp é escritor, artesão e editor cultural na associação Sabesp. Ele garante que ser escritor é umas das suas atividades mais prazerosas.
Em seu segundo livro, titulado Retratos da Seca e da Fé, ele narra a história com uma mescla de cultura nordestina, tradições e a incontestável devoção ao Pe Cícero. Para escrever o livro Cacau viajou até Juazeiro do Norte, Ceará e com riqueza de detalhes descreveu os locais e as cenas por onde passou. Numa linguagem simples ele traduziu a religiosidade de um povo que convive com a seca e também tem a esperança de um amanhã melhor. Inclusive, a vinda dele para São Paulo foi em busca de melhores condições de vida, seu grande sonho era se formar em História “eu queria passar o conhecimento para meu povo” afirma.
Cacau assegura que uma das suas maiores recompensas é o reconhecimento em especial do Papa. Em dezembro de 2006 ele escreveu uma carta para o Papa e enviou junto com um livro a ele. Para sua felicidade o Pontífice respondeu parabenizando-o um mês depois.
Com a veia artística, seu trabalho não se limita na edição desse livro. Em 2003 já havia lançado o Manual do Nordestino, com expressões da linguagem nordestina como se fosse um mini-dicionário. Além de artesanatos em madeira e pinturas em quadros que faz por hobby.
Ele não se formou em História, mas conquistou seu espaço e hoje vende seu livro a apenas R$10, como ele diz “um valor simbólico” pelo trabalho que ele mesmo custeou
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19/03/2007

O lado bom da história

Por Andrelissa Ruiz

Que bagunça! Eram mais de 15h e há mais de 30 min estava eu lá, plantada no ponto de ônibus ao lado da estação de trem. Que caos!
Eu disse que estava no ponto? Não, não estava. Na verdade, nem havia mais ponto de ônibus ali, e como sempre, a população foi à última a saber. Estávamos todos ali, parados, esperando um ônibus que não chegava nunca.
Depois de algum tempo aparece alguém. Um homem de camisa social apressado avisando à todos que devido a obra realizada no local, o ponto de ônibus foi transferido temporariamente para outro lugar.
Lá vai a multidão atrás do homem de social. Mas, quando parecia tudo resolvido, deu para perceber que ainda estava tudo muito confuso. As pessoas estavam informadas, porém os motoristas de ônibus não! Passavam direto, paravam na ordem errada...Vou ter que repetir: Que bagunça! Todo mundo perdido...
E vocês querem saber se tudo voltou ao normal? É, acho que sim. Pelo menos o homem de social estava tentando organizar tudo. Mas eu não fiquei lá para saber, por sorte, meu ônibus chegou e nem sei se ele parou no lugar certo, só sei que chegou e estacionou na minha frente.
Uma coisa é certa! Mesmo em um momento de tanta desordem, encontramos o lado bom da história: em uma tarde com um sol de rachar, o ponto de ônibus improvisado era na sombra!

15/03/2007

Moradores de São Miguel Paulista conquistam terminal de ônibus

Por Andrelissa Ruiz

Na Vila Nitro Operária, em São Miguel Paulista, um desejo dos moradores foi realizado: o terminal de ônibus. O projeto que demorou duas gestões da prefeitura para ser terminado, hoje está com sete meses de funcionamento e conta com quatro linhas de ônibus: Itaim Paulista, Conjunto Encosta Norte, Terminal Parque Dom Pedro e Terminal São Mateus.
O Terminal de Ônibus São Miguel foi uma conquista dos moradores que se uniram e fizeram um pedido à prefeitura alegando a falta de infra-estrutura para transportes na região, além da demanda de pessoas que utilizam os coletivos no bairro. O local escolhido foi o terreno que antes era o campo do Esporte Clube Bahia, time de futebol da vila, na Rua Idioma Esperanto.
Agora, os moradores da região reivindicam por mais linhas de ônibus, como para o metrô Artur Alvim e Praça do Correio. Segundo o comerciante e assessor parlamentar, Pedro Ivo de Sá Ramalho, 50 anos, o prefeito se comprometeu a colocar de oito a dez linhas de ônibus. “Nós tivemos uma reunião com o subprefeito e com os vereadores e solicitamos que aumente o transporte porque ficar só essas linhas numa obra maravilhosa como essa, pronta e em funcionamento, é uma judiação” diz.
As reuniões dos moradores da comunidade ocorrem na igreja “Imaculada Conceição”, na própria vila Nitro Operária, sem data estipulada. Nelas são discutidas melhorias para o bairro e outros projetos de cidadania como áreas de lazer e centros desportivos.

12/03/2007

Impotência

Por Mayara Evangelista

Sábado oito horas da manhã. Ponto de encontro, estação Sé do metrô. Ali começava mais uma de nossas aventuras. Sempre é assim quando saímos a campo, a vida de quase jornalistas é bem corrida. A cada entrevista, devo confessar que aprendo muito mais do que em longas e, as vezes, cansativa aulas. Compreendi com o tempo. Não existe aprendizado maior do que com a vivência do ser humano e como ser humano. Aliás, essa prática tão produtiva deveria ser um hábito, especialmente entre os estudantes de jornalismo. Pensamentos à parte, pois bem, vamos lá.
Pela Rua Benjamim Constant caminhávamos rapidamente. A rua já estava movimentada àquela hora da manhã de um sábado. As filas do ônibus então, nem se fala. Nosso destino, Brooklin. Fomos até o final da Benjamin, aos poucos o movimento foi diminuindo e o frio do concreto aumentando.
De repente, um puxão. Não, não foi um “trombadinha” tentando me assaltar não. O puxão foi no braço de um rapaz que estava a uns 10 passos a nossa frente. Ele aparentava ter uns 22 anos, a roupa de moleton azul escura, sua pele brilhosa, sua expressão o conjunto por si só era difícil de se ver. Portador de deficiência física se apoiava nas muletas que trazia consigo, ele andava com dificuldade. Além do pé entortado por uma possível má formação genética as ruas estavam desniveladas. Na verdade, aquele rapaz parecia ter mais do que uma deficiência física, seu semblante era sofrido é quase certo que seu caso tinha alguma patologia a mais associada. O homem que o acompanhava estava com a barba por fazer, usava boné azul e branco que escondia parte dos cabelos crescidos, suas roupas estavam sujas e de longe se percebia, estava alcoolizado. Com força ele gritou: “Anda rápido! Quem anda devagar é moça!”
Estática, “passada”, sem nenhuma reação. Foi assim que fiquei. Impotência. Talvez seja a tradução fiel do que senti naquele momento. O que poderia fazer? Antes que pudesse agir, o homem pegou o garoto pelo braço e foi praticamente arrastando-o. Logo desapareceu dos meus olhos. Ao redor, todas as pessoas presenciaram aquela cena como se fosse natural. Como se fizesse parte da paisagem. Será que o concreto excessivo daqueles prédios monumentais fez isso? Prosseguimos. Logo chegou o ônibus. O céu nublado deu espaço aos raios do sol que refletia nos vidros do ônibus e que quase não permitia-nos ver a paisagem que pouco a pouco se tornou verde. Nesse momento passávamos em frente ao parque Ibirapuera. Lá as pessoas que avistamos tinham semblantes mais serenos. Um homem com seu cachorro. Caminhadas... uma vida saudável. Distante da selva de pedra relembrei o ocorrido algumas vezes. Pensei que poderia ter feito algo, mas eu não estava sozinha, havia outros olhares naquele instante. E por eles não percebi nem indignação, nem espanto. Será que um dia o olhar será mais humano? Será que um dia não teremos medo das pessoas? No mundo atual, essas são perguntas sem respostas prévias.
Ah! A entrevista foi um sucesso. Contamos para a socióloga e consultora na área de Acessibilidade Marta Gil o ocorrido. Ela por sua vez, assim como nós, ficou indignada. Seus olhos ternos estremeceram. “Puxa, nunca vi algo assim”.

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Para pensar... Trechos Mário Quintana

Deficiências


"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino;
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores;
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês;
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia;
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

01/03/2007

... blog em permanente construção...
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