09/04/2007

A Alma Jornalística

Por Mayara Evangelista


Curiosidade, eis o primeiro passo para a conquista do olhar crítico. Ela é dada a todo ser humano assim que é gerado, entretanto, podada quando ele ingressa na vida social. Os infindáveis “porquês” acabam por cessarem quando percebe que não se obterá uma resposta. Os pais respondem as indagações de seus filhos com os clássicos “porque sim”, ou então, “porque não”. Na escola, assim como diz Rubem Alves, a criança “aprende a não aprender”, existem regras nas quais se faz tudo o que não gosta. A omissão das respostas para seus anseios a faz retrair-se e algumas vezes desistir da busca.
Contudo, existem aquelas que persistem e se descobrem com a alma jornalística, com ambições de mudar o mundo, de “fazer e acontecer”. Percebem que possuem em suas veias o conceito de que o mais importante não é nem a partida, nem a chegada, como sabiamente Guimarães Rosa colocou em sua obra, é a travessia, a ética com a qual tratou os acontecimentos e transmitiu as informações. A produção intelectual de conhecimento impulsiona o jornalista a correr sempre em busca do singular, do único, do especial nas mais variadas situações. E, com muita sensibilidade e despido de preconceitos ele tenta exercer um papel que vai além de informar, se propõe a contribuir para a formação utilizando a técnica e a teoria numa fusão perfeita. É ai então, que se origina o ponto de partida de uma experiência que não será concluída pelas gerações, pelo contrário, será sempre posta em xeque.
Essencialmente, o “ser” jornalista é expressado pela curiosidade, pelo prazer do aprendizado contínuo. É compartilhar vivências com o todo, é contribuir, é prestar serviço. É saber driblar o imposto e colocar seu ponto de vista de forma sutil, mesmo que seja nas entrelinhas para que produza reflexão.
Ser jornalista é não perder a poesia apesar de presenciar o mundo cruel, capitalista, opressor. É tentar com sua postura contrariar a Roda Viva como na canção de Chico Buarque, que incessantemente insiste em persegui-nos, e arrancar as raízes de nossos sonhos. É ter a alma daquela criança a princípio falada, sem preconceitos ainda em formação, buscando sempre as respostas para as mais diversas indagações.
Ainda me recordo da primeira entrevista que realizei. Ao perguntar qual era a maior relevância em ser um comunicólogo para o Profº Luiz Alberto de Faria, obtive a resposta que me fez ter certeza que havia escolhido o caminho certo. A frase foi clara, objetiva e ao mesmo tempo, em sua mais ampla interpretação, profunda e completa: “O que é mais gratificante, para o comunicólogo, é transmitir informações e perceber muitas coisas em outras pequenas e insignificantes que passa desapercebido aos olhos de muitos.” Tendo por base essa afirmação, pude compreender e ratificar, o quanto é importante esse papel exercido por nós. Somos rodeados por uma amalgama cultural gigantesca, inseridos em uma aldeia global, respirando a industrialização e por muitas vezes perdendo a essência, não adquirindo conhecimentos elementares, simples, de conceitos básicos, valores que discernem e se tornam decisivos no resultado final.
Com o poder da palavra, os jornalistas precisam aplicar o conhecimento adquirido de maneira consciente e coletiva. Observar o detalhe e ver além do já visto é o primeiro passo na caminhada. E é esse diferencial possibilita uma argumentação mais convincente e uma criticidade mais fundamentada que aponta a escolha lógica e indica o caminho da resposta. A reunião desses aspectos motiva-me todos os dias a ser jornalista, em adotar o jornalismo como estilo de vida e não como simplesmente uma profissão.


* Abril Jornalista - Texto em comemoração ao Dia do Jornalista 7/4.

* Como em Abril comemora-se o Dia do Jornalista, no Espaço Aberto deste mês vocês encontrarão reflexões sobre a profissão e sobre os temas que a norteiam.


Fique por dentro


Valorizar a profissão de jornalista para valorizar a sociedade


Jornalistas do mundo inteiro, de paí­ses ricos ou pobres, de paí­ses mais ou menos democráticos, trabalham para levar à sociedade um bem precioso: a informação. Nesta tarefa - que a cada dia ganha mais importância e cria mais influência no metabolismo social - a atividade profissional do jornalista produz interpretação da realidade, indução de intenções, vontades, comportamentos e valores. Em cada sociedade, os jornalistas ajudam a produzir cultura, a constituir ou a desconstituir movimentos coletivos, a legitimar ou questionar as relações de poder estabelecidas. São, portanto, profissionais que cumprem uma relevante função social.
Neste dia 7 de abril, dedicado a homenagear o profissional jornalista, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos de Jornalistas de todo o Brasil chamam a atenção da sociedade brasileira para a necessidade imperiosa de valorização da profissão e do profissional jornalista.
Leia mais... http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=553

Um comentário:

Danii disse...

nossa
adorei o layout do blog de vcs
mto bacana e inspirador o texto
bxs